sábado, outubro 28, 2006

“como um organismo vivo” é o titulo do artigo do expresso sobre o novo livro de António Lobo Antunes Ontem não te vi em Babilónia .

Frase a frase, paragrafo a paragrafo lá vai confirmando que afinal não é assim tão estranho ter largado o que farei quando tudo arde? na página 42, Talvez porque ler Lobo Antunes, é um pouco como lançar-se numa viagem dentro de um barco numa tal noite tempestuosa podendo ver-se apenas por um buraco de fechadura lá para fora. Vai-se olhando para a costa, mas nunca se percebe realmente o que se passou. Apanham-se as imagens ás postas. Ora se estava á direita, ora se está à esquerda, ora se apanham uns segundos de lucidez, de continuidade... sempre “sol de pouca dura”.

Lembro-me de estar a ler e a pensar se o senhor teria comido uma daquelas pastilhinhas brancas que circulam por ai, ou se leu o “como tornar-se doente mental” e nisto optou por um personagem esquizofrénico que publica livros.

Ninguém pode dizer que o senhor “escreve mal” se a escrita se avaliar pela forma como soa. Aquela enxurrada de palavras mal amanhadas acaba por ter o seu quê de melodia. Se olhar para a escrita do lobo Antunes como musica consigo ler e gostar de ler Lobo Antunes. Mas a palavra escrita, narrada, distingue-se da musica porque tem um propósito (por mais ténue que seja), bom.. talvez até a musica instrumental tenha mais propósito que Lobo Antunes...

Tenho a minha fé posta em que com o tempo... Lobo Antunes será uma espécie de cadeira do século XVIII [uma coisa barroca, cheia de floreados] será um artefacto para fazer as delicias de uma elite à procura de “esquisitices”.

É pena já não haver Almada Negreiros para escrever outro Dantas sobre Lobo Antunes...

Escapa à minha capacidade para a razão um motivo de glória para Lobo Antunes.

Lobo Antunes... Pavão Antunes...

23,30 euros, 480 págs... pela D. Quixote

Arre. Haja coragem.

1 comentário :

Cláudia Paiva Silva disse...

Atenção à navegação desse navio que passou ou ainda passa pela tempestade. As Naus e Os Cus de Judas, são obras fundamentais de António Lobo Antunes e, graças a Deus, ou a outra entidade superior qualquer, nada têm a ver com os actuais manuscritos. Amen!